quarta-feira, 2 de junho de 2010

Próximo Concerto

Dia 7 de Junho próximo o nosso Grupo Coral apresentará, na nossa Escola, um pequeno Concerto integrado nas festas de encerramento do Ano Lectivo a que, este ano, se deu a designação de Bocage - Dia Aberto.

Estudo de um possível cartaz

O Concerto, embora sem o tradicional intervalo, terá duas partes distintas. A primeira, será preenchida com as seguintes peças de cariz tradicional:

Balaio - Tradicional brasileira com harmonização de Heitor Villa-Lobos
Ay! Linda Amiga - melodia popular de Santander com harm. de Eduardo Martinez Tornes
Zorongo - mais um tema tradicional espanhol, desta feita com harm. de F. Vila
Senhora do Almurtão - tema popular de Idanha-a-Nova com harm. de Raul Avelãs
Chamarrita - popular dos Açores e mais uma harm. do nosso maestro.

Na segunda parte teremos sete das Canções Heróicas de Fernando Lopes-Graça, a saber:

Canção n.º 1 - Acordai! - com poema de José Gomes Ferreira
Canção n.º 2 - Jornada - idem
Canção n.º 3 - Mãe Pobre - com poema de Carlos de Oliveira
Canção n.º 4 - Convite - poema de Antunes da Silva
Canção n.º 6 - Firmeza - poema de João José Cochofel
Canção n.º 8 - Combate - com poema de Joaquim Namorado
Canção n.º 12- Canto de Paz - poema de Carlos de Oliveira.

Aqui vos deixo algumas notas despretensiosas acerca das peças que irão ser cantadas.

Balaio - De entre outras definições deste termo brasileiro ressalta a de grande cesto de palha, vime ou outos materiais usado antigamente para armazenar ou carregar mantimentos e, mais recentemente, para transportar grande variedade de mercadorias.
Musicalmente, designa uma dança conhecida entre os gaúchos cujo nome advém da forma que as saias das damas tomam quando estas se baixam depois de rodopiarem rapidamente sobre si mesmas. Essa forma faz lembrar os balaios.

Ay! Linda Amiga - Música do renascimento espanhol cuja partitura original foi adaptada a todo o tipo de agrupamento instrumental, coro a 4 vozes, coro a duas vozes com acompanhamento de piano, quartetos instrumentais ...
De autor anónimo, faz parte da coleção de partituras do chamado Cancioneiro de Palácio, alojado na Biblioteca do Palácio Real de Madrid.
O Cancioneiro de Palácio é uma antologia de canções polifónicas que eram ouvidas durante o reinado dos Reis Católicos.

Zorongo - Canto e baile populares da Andaluzia, de movimento vivo, uma das muitas variantes do flamenco. A origem da designação parece ser o estribilho característico, hoje perdido, de uma das suas primeiras letras - " Ay, zorongo, zorongo, zorongo! " . A palavra "zorongo" é de origem incerta; admite-se que, possivelmente, provenha de zaran ou saran, onomatopeias próprias do balanceado da dança, que deram origem a zarando, melodia que se canta na Andaluzia.

Senhora do Almurtão ( ou do Almortão ) - São muitas as versões desta música popular, não só Corais mas também a solo. Zeca Afonso, Dulce Pontes e Nuno Guerreiro, por exemplo, têm versões gravadas desta peça dedicada a Nossa Senhora.
Segundo a lenda, uns pastores que certo dia atravessavam os terrenos do sítio da "Água Murta", ali para os lados de Idanha-a-Nova, encontraram uma imagem lindíssima da Virgem num campo de murteiras grandes. Levaram-na para a Igreja de Monsanto mas, pouco depois, a imagem desapareceu da Igreja vindo a ser encontrada, mais tarde, no mesmo murtão em que os pastores a haviam descoberto. Respeitando a vontade da Senhora, nesse local foi construida uma capela.

Chamarrita - Baile de roda mandado, tipicamente açoriano, por vezes acompanhado por cantadores, também com múltiplas versões, variando não só de ilha para ilha mas também de freguesia para freguesia.

Canções Heróicas - São canções politicamente empenhadas, no dizer do próprio Lopes-Graça, que contribuiram para exaltar a liberdade e dar ânimo à luta contra o antigo regime.
A 1.ª versão foi publicada em 1946 com o título "Marchas, Danças e Canções - próprias para grupos vocais ou instrumentais populares". Foi apreendida pela Censura mas muitos resistentes continuaram a cantá-la em encontros clandestinos ou nos países de exílio.
Em 1960 surge uma colecçao mais alargada com o nome "Canções Heróicas, Dramáticas, Bucólicas e Outras". Esta edição destinava-se a celebrar o 50.º Aniversário da Implantação da República e foi divulgada com grande precaução entre um restrito número de pessoas.
A versão final ficou conhecida como "Canções Heróicas".

Para ilustrar musicalmente estas linhas aqui fica um pequeno vídeo de uma das peças. Como é óbvio, não é o nosso Grupo Coral que nele aparece mas creio que se trata de um grupo português.